quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

As Idas e Vindas de Sonic


Olá, caros leitores! Recentemente, dois novos títulos da saga do ouriço azul foram lançados: Sonic Mania, com jogabilidade clássica em 2D, e um estilo gráfico e trilha sonora de encher de lágrimas os olhos daqueles que jogaram os primeiros títulos; e Sonic Forces, em 3D, uma espécie de continuação do bem sucedido Sonic Generations, diretamente ligado a Sonic Mania. Enquanto Mania foi um sucesso absoluto, Forces recebeu muitas críticas. Curiosamente, o primeiro foi desenvolvido pela Pagoda West Games em parceria com a Headcannon e Christian Whitehead, fãs de carteirinha de Sonic, com o aval da Sega, enquanto o segundo foi desenvolvido pelo Sonic Team, estúdio oficial da empresa japonesa responsável por toda a saga. Tendo isso em vista, podemos levantar a questão: por que o título desenvolvido por fãs teve sucesso, enquanto o game desenvolvido pela própria Sega não? Neste artigo, vamos dar uma refletida a respeito disso. Antes de tudo, vamos relembrar um pouco da origem de Sonic? Gotta go fast!

Sonic The Hedgehog

O grande diferencial de Sonic é seu Level Design de gameplay rápido e bastante vertical. Imagem: http://marioverdegames.blogspot.com.br/2013/06/chapter-025-sonic-hedgehog.html

Sonic The Hedgehog é um jogo de plataforma em 2D lançado em 1991 para Mega Drive, em que você controla Sonic, um Hedgehog (pasme, não se trata de um porco espinho de fato. Não existe uma tradução exata para Hedgehog, e acabamos associando com o animalzinho espinhoso devido à semelhança.) que corre em altíssima velocidade. Não há um enredo complexo, sendo seu objetivo confrontar Dr. Robotnik (ou Eggman, dependendo do momento em que você começou a se envolver com Sonic) enquanto resgata os animais sequestrados pelo famigerado cientista.

O primeiro encontro com Robotnik/Eggman. Imagem: http://segabits.com/blog/2014/08/10/round-table-is-sonic-the-hedgehog-overrated/
O Level Design de Sonic é fascinante, com muita verticalidade e velocidade por toda a fase. Note que a sensação em certos momentos é a de que o jogo está jogando você, e não o contrário. A trilha sonora é outro ponto de destaque, com músicas memoráveis, que fizeram parte da infância de muitos de nós, e são lembradas até os dias atuais. O sucesso estrondoso rendeu diversas comparações com seu principal rival na época, o encanador bigodudo da Nintendo, uma vez que nos encontrávamos na era de ouro dos cartuchos, e o SNES era um dos principais consoles da época, concorrendo diretamente com o console da Sega. Alguns anos e títulos mais tarde, além de diversos avanços tecnológicos, ocorria então a transição para a era 3D. Sonic acompanhou a tendência.

Sonic R e Sonic Adventure

Sonic R foi a primeira empreitada completamente em 3D da Sega com Sonic. Imagem: https://www.emuparadise.me/Sega_Saturn_ISOs/Sonic_R_(U)/407
Depois de diferentes experimentos em 3D, com menção honrosa para Sonic 3D Blast, um isométrico com modelos 3D pré-renderizados, e um modo 3D "Sonic World" na coletânea Sonic Jam, a desenvolvedora japonesa lança Sonic R para Sega Saturn em 1997, como o primeiro título de Sonic completamente em 3D. O jogo era um título de corrida, nos moldes de Mario Kart, em que você corria como os personagens da franquia do ouriço azul. Sonic R foi muito bem aclamado pelo seu visual, mas criticado pelos controles ruins e pela curta duração de seu modo singleplayer.

Sonic Adventure traz o clássico Game Design de Sonic para o mundo 3D. Imagem: https://retrogameman.com/2017/06/29/gba-review-sonic-advanced/
O primeiro título da Sega a trazer o gameplay de plataforma/aventura de Sonic para o mundo 3D foi Sonic Adventure, lançado em 1998 como título de lançamento do lendário Dreamcast. Nele, Sonic e sua turma deveriam reunir as Chaos Emeralds para, como de costume, impedir Robotnik/Eggman e seus planos macabros. Adventure foi extremamente bem recebido, sendo um best seller do falecido console da Sega. Alguns problemas chegarem a ser citados em reviews da época, como a atuação dos dubladores, e a câmera terrível, mas elogios também foram rasgados para o jogo, como o Gamespot definindo o jogo como um título que redefiniria o gênero de plataforma. E cá estamos nós, cerca de 20 anos depois, com Sonic tendo recebido poucos títulos relevantes desde então. O que acontece?

Os Tropeços da Sega

Sega CD e o Sega 32X, tentativas da Sega de potencializar o poder computacional do Mega Drive . Imagem: http://www.gametrog.com/GAMETROG/HOW_to_connect_Hook_Up_SEGA_32X,_SEGA_Genesis_Model_2,_SEGA_CD_2_c.html
No início dos anos 2000, a toda poderosa Sega anunciava sua retirada do ramo da produção de consoles, levando então suas franquias para os consoles rivais. Decisões de cunho duvidoso, como o Sega CD e o 32X, bem como a entrada e o sucesso absoluto do PlayStation no mercado foram sem dúvida alguns fatores para que isso acontecesse. Os anos se passaram, e cada vez mais decisões duvidosas foram afetando a desenvolvedora japonesa.

Sonic Unleashed, uma das várias tentativas (falhas) de revitalizar a franquia do ouriço azul. Imagem: https://www.playstation.com/en-gb/games/sonic-unleashed-ps3/
Voltando especificamente para Sonic, o passar dos anos trouxe à Sega quedas nos rendimentos dos jogos, o que fez com que ela sucessivamente tentasse atingir o novo público que surgira na nova era com diversas repaginações de seu carro chefe. Sonic The Hedgehog (2006), Sonic Unleashed, Sonic Heroes, Sonic Boom, etc. Com um Game Design falho, que perdeu a essência, a verticalidade e a velocidade oferecida pelos games clássicos, enredos desconexos e com motivações cada vez mais fracas, pouco a pouco a franquia que outrora era gigantesca via-se cada vez mais enfraquecida, e a Sega com um prejuízo crescente. Boatos afirmam que a empresa caminha na corda bamba.

Sonic Mania, um (velho) sopro de ar fresco para a franquia. Imagem: http://www.sega.com/games/sonicmania
No meio de tamanha bagunça, alguns títulos conseguiram se destacar, como Sonic Generations e Sonic: Lost World, mas foi com Sonic Mania que a esperança dos fãs voltou a brilhar. Mundos dos títulos mais bem aclamados retornaram, com um Level Design de tirar o chapéu, resgatando os princípios dos jogos antigos. A trilha sonora é de arrepiar, com retrabalhos e remixes das músicas originais, que atingiram a nostalgia em cheio. O jogo foi extremamente bem recebido, e muito se dizia que finalmente Sonic havia retornado à forma. Como dito anteriormente, o jogo fora produzido por estúdios de fãs, sob a tutela da Sega. Um título produzido de fãs para fãs. E talvez esse seja justamente o segredo de Sonic Mania.

Sonic Forces apresenta um considerável número de falhas, mas apresenta sinais de uma Sega que se esforça para ouvir os fãs. Imagem: https://www.nintendo.co.uk/Games/Nintendo-Switch/Sonic-Forces--1237463.html
Pouco tempo depois, Sonic Forces era lançado. O título prometia trazer os pontos positivos apresentados por Sonic Generations. Infelizmente, um tempo de campanha extremamente curto, com um enredo pouco expressivo e jogabilidade problemática fizeram com que o jogo fosse bastante criticado. Alguns pontos mostram o esforço da desenvolvedora, como trechos do enredo criado por fãs tornando-se canônicos, mas isso não foi o suficiente para que Forces atingisse o sucesso. Diante de tudo isso, nos resta torcer para que a Sega consiga, por fim, resgatar o principal personagem do seu portfólio, trazendo a todos nós felicidade novamente. Encerro o artigo com uma das músicas da espetacular trilha sonora de Sonic Mania. Esta em especial me emocionou bastante, ao relembrar momentos extremamente felizes da minha infância, mas agora com uma pegada moderna, repaginada.


E você, leitor, o que acha que a Sega fez de errado? E o que ela deveria fazer para se reerguer novamente como a gigante que de fato é? Comente aí!
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